segunda-feira, abril 26, 2010

Esfaqueada.


Um dia veio vuando uma faca e entrou direto no meu bucho. Ela é ágil, invisivel. Você nem percebe. Até que você se toca com um tempo o quanto é dificil andar com uma faca enfiada na barriga. A faca ela perfura primeiro a pele, e você sente mas não doi tanto. Incomoda. Mas é só um ardordim. Mas se você deixar a faca entra na carne e aí dói. sai sangue. E te dá medo vê teu próprio sangue assim sainda pra fora do seu corpo. E tudo se torna Faca enfiada no bucho. Nada importa tanto quanto a faca enfiada no bucho. E aí se você deixar ela entra cortando os nervos, o osso até chegar no coração. E aí não tem mais jeito. É só dor. Você se transforma na dor. Tem horas que você cai pra trás e se entrega a faca malvada. Porque arrancar a faca pode doer mais ainda. Até que a dor se torne mais grande que tudo, até que você. Aí se cria uma coragem medonha e se puxa a faca. E rebola ela bem longe. Fica a ferida aberta. mas com o vento ela vai fechando e tudo volta a rodar de novo como antes, só que agora com um pequeno detalhe a marca da pereba. Que é pra você não vacilar de novo.

quarta-feira, abril 21, 2010

O predominante era verde e vermelho.


Quando tava pra sair lá do Quilombo ainda era madrugadinha. Cheguei na casa do carro e uma senhora bonita, calada e olhar pra baixo me ofereceu um café forte e amargo do jeitinho mesmo que eu gosto. Ela era chamada de mulher, esqueceram o nome dela, todos que estavam lá só chamavam ela de muié. E passaram também a me chamar de muiézinha. Parece que por aqui o nome delas não importa muito. Ou elas são simplesmente muié ou são a muié do cumpade Mané Dito por exeplo. Quando o Pau de arara saiu rumo a um novo oriente. O que me parece mesmo é um velho oriente de cidade.

E aí que na estrada que a gente tava indo era um espichado de verde em todo o caminho. Pelo meio de todo aquele matagal verde bem verdim tinha uma estradinha vermelha e de chão batido. No desenrolar do caminho o dia ia se espriguiçando. E eu ia vendo as coisas aparecerem assim do nada como se fossem assombração.

De repente um vuá de passarinhos preto, voavam bem lá no alto formando um V bem grande no céu. Nunca tinha visto isso só em desenho animado. Será que eles tão indo correr atrás do sol? deve ser. É isso! Devem está fugindo do inverno. Apareceu também no caminho um monte de garças branquiiinha ao redor de uma lagoa, elas tavam soberanas de bico erguido fazendo o seu cantar, parecia assim uma rainha de maracatu nos cortejos de carnaval.

Passou por a gente uma casinha de taipa no mei do nada bem bonitinha de taipa e rodeada de florzinhas, uma arvore bem cheia de folhas bem verdes e um laguinho do lado. Parecia uns desenhos que eu fazia dos tempos de crianças na escola. Tinha também na estrada umas vacas livres bebendo água num açude que parecia uma pintura de cores bem vivas.

Ia se desabrochando pelo rumo que o carro ia tomando cores daquelas flores que nascem por conta própria despontando uns pontos coloridos no mei do verdão. Era uns amarelins, uns amarelos bem amarelão, uns lilazes, uns rosados, uns larajas bem alaranjado, brancaral de ruma, uns azuis bem azulzim e uns vermelhos que chegava a doer na vista de tão bonitas que eram.

O carro parou cheguei ao meu destino e tive que descer do Pau de Arara pra pegar o ônibus que vai rumo a cidade de chão cinza...

segunda-feira, abril 19, 2010

O espriguiçá do dia.


A de prêmero era só breu. A cum pouco vai ficando cinza. Pra dispois nascer um azul brilhante bunito de se vê. Aí de repente vai se abrindo um oin pequeninim, timiduzim que parece um bichim acuado. Esse zóin que era pequenino vai crescendo de poquim em poquim. A bem mais pra culá abre um oi um pouco maior e com um pouco menos de medo de se arreganhar. E lá pras banda de riba, agora com a toda a corage de se auto parir nasce um OIÃO bem grande que quando se abre se vê um clarão medonho. O oião fica todo arregalado e todos os outros oim vão se abrindo um por um. Daqui prum pouco já tão todos os zóio abertim abertim que tudo nesse mundo vai despertando. E aí nesse momento já não dá mais pra avistá donde que tá cada oim. E vai ficando lá pras banda de cima um imenso amarelado. E num instantim de nada, um tempim de piscar os zôio já tá o diazão claro!



(foto lidú).

quinta-feira, abril 15, 2010

E era tudo puro a suor e gozo.


Só o que se sentia naquele lugar abafado e quentinho, era os pequenos ruídos produzidos pela respiração. Era uma dança doida. Balançado de rede, movimentos improváveis. Gemidos roucos parecidos aos de uma guitarra distorcida. Não importa nada o que acontece fora desse bequinho estreito. Lá naquele lugar apertado se escuta tudo o que acontece com o resto. Então naquele momento em que todos deviam está trabalhano só se escutava o suor e o gozo. Pararam pra escutar aquela música estranha que ninguém compreendia a letra. O que se perguntava uns/umas aos/as outr@s era quem? quem tá cantando essa musica esquisita? Ninguém daquele bequinho sabia dizer. Eles não conheciam esse tipo de música. Só o arroz e feijão básico de todo dia é que eles sabiam escutar. Só os conselhos de papai e mamãe era o que eles ojviam. Mas numa tarde dessas em que o calor é insuportavel na cidade solar para uma pessoa que não tem ventilador. O que se fazia naquele calor infernal era um bom aproveitamento de suor...

terça-feira, abril 06, 2010

A estória do príncipe virou sapo.


Sempre fiquei imaginando um escrivinhado que falasse o contrário porque é isso que geralmente acontece, um sapo que vira príncipe. Mas prefiro um príncipe que virou sapo. Essa não é uma história de contos de fada, como muit@s podem até pensar. É uma história real de contos de bruxa. (gosto mais das bruxas e suas porções mágicas).

Então vamos lá.

Era uma vez um príncipe que namorava obviamente com uma princesa. Ele como todos os príncipes era educadíssíssimo, sempre cavalheiro e cavaleiro. Sempre ia na casa da donzela cortejá-la. Adorava fazer serenatas e alvoradas para sua amada. Sempre de mãos dadas acompanhava sua princesa até a parada da topic. Lavava as louças, tirava a mesa e nunca jamais arrotava na frente da namorada.

E tudo começou num dia qualquer em que o sapo tava brincando numa lagoa e de repente assim do nada se deparou com um belo rosto de uma donzela. Ficou paralisado olhando dentro de seus olhos. Até que como num feitiço ela PAM lhe dá um beijo. E ele no mais que de repente vira um príncipe e lhe toma num namoro daqueles de cadeirinha e tudo. Fica naquela felicidade pra sempre. Até que um belo dia a bruxa fica solta por aí. E ele fascinado pelo voar da vassoura, começa a achar a felicidade eterna um verdadeiro SACO!. Interessa-se mais pelo voar das notas dançantes. Se importa mais em ficar na beira do lago coaxando com suas/ seus amig@s sap@s. Velh@s amig@s da época da boemia girina. Não sabe como e nem quando mas aconteceu. O encanto acabou e a princesa debandou. Aí que o principe viveu uma pequena fossa se embriagando com a tristesa, porque ela sua amada resolveu se casar com outro. E esse sem dispersão boêmicas girinescas. Ou encantos de notas dançantes.

Pobre sapo, de tanto coaxar voltou sua forma de sapo. Na verdade, pobre não. Quando passa a fossa ele se dá conta que é feliz e infeliz assim desse jeitim. Coaxando pelos brejos pé-de-rato. Encontrando cada sapão paloso. Ele vive a cantar e indagar " que sentido tem querer ser companheiro de alguém?". Mas ele é mesmo esse coaxador, encantador que até já encontrou outras donzelas em outras beiras de lago. Mas ele não se metamorfoseia mais em principe. Permanece na sua forma mutante de sapo. E prefere assim. As vezes fere corações apaixonados, mas fazer o quê ser sapo tem os seus encantos e percalços.

E dizem por aí nas mais modestas rodinhas de violão que em noite de lua crescente se escuta o coaxar do sapo encantado nas beiras dos lagos do Oco do mundo...